quarta-feira, abril 24, 2013

domingo


Domingo, epicentro de Lisboa, Café Gelo, a ver-se o manuelino da estação de comboios do rossio, leio o jornal onde averiguam do grau de patriotismo dos jovens portugueses, e a crónica da alexandra que lembra como Lisboa se reinventa e as raparigas e rapazes são os mais bonitos do planeta.
Bocejo, e nas colunas do café a melodia... tristeza não tem fim.
Em casa varro o chão da cozinha e lavo a louça, continuamente desalinhadas estas divisões com adultos agitados que, alminhas inquietas, acordam sucessivamente de ressaca e repetem estórias mirabolantes da noite anterior construindo um património universal da boémia.
A chuva vem sedimentando poeiras existenciais e a nostalgia da baixa verte por cima dos telhados.
(mete um certo nojo)
Os turistas atarantados numa páscoa pré-época alta da marroquinização de Lisboa.
Festas trágicas no que trazem de espelho, da família que se já não tem ou mudou e, nisso, acartou incertezas, de como projectar a vida nas próximas décadas, de como não perder a curiosidade, garantir a generosidade para o acontecimento.
Como é bom tê-la pela frente, seja como for que se apresente é o que dela conseguir fazer.
Um longo inverno a ver filmes online no quentinho do sofá.
Porém, não se trata de apatia alguma, andam coisas a vibrar, as pessoas dão ideias, discutem, embebedam-se felizes ou de coração partido, mas celebram alegrias e desencontros juntos, fazem declarações de amor ou de admiração, metem-se em negócios perdulários, julgam-se ideologicamente como bons polícias do quotidiano, mandam-se para o caralho e regressam sem mágoas.
A viagem prossegue, estamos elementarmente a segui-la. E a crescer.
Pudera eu fazer justiça a esta liberdade. 

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